O VELHO E O NOVO
Woody Allen congela o tempo e parte em busca de um herdeiro
Em Igual a Tudo na Vida, está clara uma nova fase, ou pelo menos uma pausa para a reflexão em algum café de Manhattan. Woody Allen revela a seu público que sabe que envelheceu. E que sabe que não deixou herdeiros para o posto de cronista maior do mundo contemporâneo, da vida intelectual, da intelligentsia das metrópoles. No longa, ele é o velho escritor que coadjuva o jovem colega, protagonista do filme (vivido com dedicação por um talentoso Jason Biggs). É ele que aconselha, que indica caminhos para um personagem que é seu espelho. A afirmação a seguir pode até ser vista como uma grande bobnagem, mas o roteiro de Igual a Tudo na Vida metaforiza a vida do próprio Woody Allen. É nesse filme que ele escolhe seu herdeiro (ou que deixa clara esta intenção). É aqui que ele mostra que sua preocupação agora é continuar, prosseguir. Como um replicante que luta contra o tempo para não ser desligado, Allen, inquieto, decide permanecer. Isso se reforça no texto, melhor, e na construção estética do filme, fotografado por Darius Khondji. E é por isso que este filme vai muito além de qualquer outro trabalho seu nos últimos cinco anos: porque ele é tão sincero quanto inteligente.
IGUAL A TUDO NA VIDA
Anything Else, Estados Unidos/França/Holanda/Grã-Bretanha, 2003.
Direção e Roteiro: Woody Allen.
Elenco: Jason Biggs, Christina Ricci, Woody Allen, Stockard Channing, Danny DeVito, KaDee Strickland, Jimmy Fallon, Fisher Stevens, Anthony Arkin, Diana Krall, William Hill.
Fotografia: Darius Khondji. Montagem: Alisa Lepselter. Direção de Arte: Santo Loquasto. Figurinos Laura Jean Shannon. Produção: Letty Aronson. Site Oficial: : www.anythingelse-themovie.com.
nas picapes: Cheek to Cheek, Fred Astaire.
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