Café da Manhã em Plutão, de Neil Jordan.
Neil Jordan num equilíbrio perfeito entre o escracho de sua personagem central e a melancolia. O escracho desemboca numa série de liberdades estético-artísticas, como os passarinhos que apresentam a história e o clima farsesco no devaneio do protagonista como agente secreto. A melancolia surge em cenas solitárias, nos encontros, nos amigos, nos quase-amores. Cillian Murphy, se o estúdio fizer bem sua campanha, já está na lista do Oscar: personagem afetada, ator sem um pingo de afetação.
Caché, de Michael Haneke.
O filme mais tenso dos últimos anos até que alguém me lembre de outro. O clima é quase de terror psicológico, com um superaproveitamento de Daniel Auteil em detrimento de Juliette Binoche. Um exercício sobre memória e culpa. Montagem e fotografia perfecionistas, usadas em favor do desespero que Haneke procura implantar. Na cena mais chocante do ano, muita gente gritou dentro do Cine Odeon. O final, se não explica, prolonga os calafrios.
Meu Deus, Meu Deus, Por que me Abandonastes?, de Shinji Aoyama.
Não consigo escrever uma linha sobre este filme, só posso dizer que gostei. Há momentos de extrema beleza. Vou tentar elaborar alguma coisa em breve.
Manderlay, de Lars Von Trier.
Melhor resolvido que Dogville, isso é, inclusive na concepção visual, a mesma, porém mais dark (seria proposital?). No entanto, ainda acho extremamente infantil o discurso, que não difere quase nada do filme anterior. Von Trier não acredita no homem, esse é a grande questão. Ele não enxerga as pessoas como indivíduos, mas como reféns do algo maior, incapazes de lidar com o novo e com a própria liberdade (e totalmente propensos a corrupção). Bryce Dallas Howard não faz feio, mas Nicole Kidman era melhor. Não recebe cotação, assim como seu antecessor não recebeu.
A Espada Oculta, de Yoji Yamada.
Yamada subverte o universo dos samurais para contar uma história do cotidiano, com direito a amor entre classes sociais diferentes. O tom – delicadíssimo – não impede que o filme tenha um humor muito saudável, que ora abraça a crônica, ora se apóia em gags.
Chico, vais ver Era Uma Vez em Tóqio amanha (quarta) meio dia e quuinze?
“meu deus, meu deus…” foi o pior filme que vi até agora no festival… simplesmente horroroso. a gente se bate por aí…
Gosto muito de Dogville, portanto aguardo o novo ansiosamente. Mas o meu filme mais aguardado é Chaché e o Chico só me deixou com mais agua na boca.
Eu acho Dogville bem bom, quero que manderlay estreie ainda esse ano. Eu não sabia muito sobre o filme do Neil Jordan; parece ser bom…
Acabei de comprar o ingresso, Guga.
Putz, eu acho o filme fantástico, Marvin.
Diego, vamos ver como consigo essa façanha…
“Manderlay” parece que estréia em novembro, a tempo de ser habilitado para o Alfred. Será que reprisa as indicações de “Dogville”?
Marcelo, foi porque “Dogville” não recebeu também, mas tô achando que vou dar estrelinhas em breve…
Leon, esse filme me surpreendeu. Também não gosto dos pássaros e de outros elementos, mas o conjunto é bem bom…
Chico, lembro mesmo que vc não tinha cotado “Dogville”. Mas não me recordo do motivo. Abraço.
Veja As Cinco Obstruções, por favor.
Tô curioso por Manderlay.. mas até chegar aqui.. Bah, demora.
detestei “café da manhã em plutão” (exceto o delírio dele como agente secreto, que vale o ingresso). podem argumentar pela via de “tom de fábula”, mas não engulo: aqueles passarinhos NÃO PODEM!
beijos do dj leon.
Não ficou claro o motivo dos filmes do Trier ficaram sem cotações…