Era o dia 29 de janeiro de 2003. Eu, recém-saído de São José dos Campos, numa época de uma crise pessoal fodida na minha vida, usava o computador do meu amigo Guilherme Lamenha, na casa dele, em São Paulo, para criar o [filmes do chico]. A idéia de ter um espaço onde eu fosse escrever sobre cinema me parecia muito metida à besta. Dois meses antes, eu, depois de muito relutar, tinha aberto um blogue pessoal chamado Universos Paralelos, encerrado há um bom tempo, onde eu já fazia alguns comentários sobre filmes, algo que sempre me interessou, mas ter um bloco de anotações sobre cinema online e acessível a todos era bem assustador. Minha visão foi mudando devagar. Aos poucos, fui descobrindo páginas pessoais que abordavam temas específicos, inclusive o cinema.

Foi assim que eu cheguei aos pioneiros: o Cinema Cuspido e Escarrado, do Marcelo V., uma das primeiras encarnações do antigo The Bridge, do Tobey, an Acer, o hoje desativado Filmes GLS ou Quase, do Egídio La Pasta Jr., e aquele que talvez seja o grande blogue de cinema do Brasil, Diário de um Cinéfilo, do Ailton Monteiro. Freqüentando estes endereços, e mais alguns outros que falavam não somente mas também de cinema, como o The Way Things Are, do Teco Apple, eu tomei coragem e resolvi fazer a minha página, que começou simples, mas com muita empolgação. O ritual de assistir a um filme e escrever sobre ele aqui era delicioso e me animava a atualizá-la cada vez mais. O tempo foi passando e, quando eu vi, já morava em Salvador quando meu blogue fez um ano de vida. A essa altura, aqui mesmo eu propus a criação da Liga dos Blogues Cinematográficos, uma brincadeira que hoje me dá muito orgulho pelo tanto que mobiliza esta blogosfera cinematográfica.

Com a convivência, os comentários me trouxeram parceiros, colegas e – por que não? – amigos. Pessoas que, cada uma a seu modo, fazem parte do meu dia-a-dia, das minhas conversas no MSN, das calorosas discussões na lista da liga, dos debates nos próprios blogues. Do Ceará ao Rio Grande do Sul, gente que gosta de cinema achou aqui no meu blogue um ponto de encontro. Foi aqui que eu conheci o Roger lá do Mato Grosso, a gauchinha Fer Funchal e o goiano Layo, e é por causa desta página que eu me bati com o Milton do Prado de lá de Montreal, no Canadá. Hoje, ele, o Guilherme Martins e o ligado-na-tomada Mateus Nagime são parceiros na organização da Liga, assim como outra grande nova amiga, a Ana Paul. E foi aqui que eu terminei conhecendo também o grande Michel Simões, o Tiago Superoito, melhor texto de cinema na internet, o Diego Maia, amigo desde o começo, Sérgio Alpendre, a simpatia em pessoa, e os meninos-prodígio Rudá Lemos, Ed, Samuel L., o Buzz, Guga Valente e Rodrigo Pierre.

Quem freqüenta esse blogue conhece minha passionalidade e minha psicopatia por listas. Então, segue mais uma só com filmes que entraram para a minha vida durante estes quatro anos:

O Céu de Suely, de Karim Aïnouz.
Quando eu tive certeza de que não era só eu.

Elefante, de Gus Van Sant
Não é a vida e todas suas formas e possibilidades?

O Novo Mundo, de Terrence Malick.
Eu vi meu assustador poder de adaptação.

A Dama na Água, de M. Night Shyamalan.
Quando eu me desprendi da minha (pequena) parte de adulto.

Antes do Pôr-do-Sol, de Richard Linklater.
Romântico, ainda.

Reis e Rainha, de Arnaud Desplechin.
Para ter certeza de que se está vivo.

Marcas da Violência, de David Cronenberg.
O conforto de ter para onde voltar.

O Pântano, de Lucrecia Martel.
Ou a dificuldade para emergir.

Clean, de Olivier Assayas.
Para não esquecer que depois da morte vem a ressurreição.

O Segredo de Brokeback Mountain, de Ang Lee.
O particular que é muito maior.

E, pra reprisar o ano passado, sempre me dá vontade de repetir muitas vezes obrigado pela companhia para o William Wilson, LeoN, Eduardo Miranda, Vebis, Demas, Leo Mecchi, Moacy Cirne, Fabrício K., Peerre, Filipe Furtado, Janzinha, Antonio Saints, Carlos Massari, Daniel Pilon, Christopher, Wallace Guedes, Tata, Chiko, Rodrigo Azevedo, Ronald Perrone, Thomaz, Bruno Reame, Davi & Iris, Felipe Leal, Felipe Sudo, Walrus, Renato Silveira, André de Leones, Camila Vieira, Alexandre Inagaki, Takeo, Marcelo Miranda, Francis Vogner, Gabriel Carneiro, Miura, Paulo Jr., Pips, Tisf, Marvin, Marlonn, Marfil, LFM, Marlos, Harry Maddox, Julio Bezerra, Lucian Chaussard, Wilson, Marcos A. Felipe, Hudson, César Oliveira, Beto Almeida, Tatica, Rafael, Vitor, Lemuel, Ernesto, Carol, quem eu esqueci de citar e quem nunca deixa comentário.

Comentários

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46 comentários sobre “Filmes do Chico, quatro anos”

  1. Grannnnnnnde Chico,

    Rapaz, teu blog é mais que referencia é ponto de encontro, mas p/ mim vc já deixou de ser um colega-blogueiro p/ ser um amigo, que tenhamos mais encontros…

    Entre nossas concordancias e discordancias, acabei de descobrir q temos uma que jamais imaginei, Tiago, é p/ mim, o melhor texto da internet!

    abraço,
    Michelzinho

  2. Chico, comento muito pouco por aqui, mas sou fã do blogue, e você tá de parabéns! Já tentei manter meu próprio blogue sobre cinema com comentários sobre filmes e tudo, e sei como é complicado…

    Logo, uma jornada tão longa só pode ser sinal de muito sucesso e perseverança!

    A propósito, o que vc fazia em minha cidade, São José dos Campos?!

    Grande abraço!

  3. Demas, obrigado pela presença sempre constante por aqui.

    LFM, fique desta vez… hehe… valeu.

    Moacy, vou aguardar os votos. Obrigado.

    Valeu, Henrique. Valeu, Leo, Bruno, Ed.

    Suma não, Patricia.

    Fala, Samuelzinho, aqui vc sempre vai ter lugar especial.

    Bruno, a mudança do blogger foi confusa, mas eu já consegui resolver.

    Hudson, não sei se tenho tanta responsabilidade, mas isso aqui me dá muito prazer.

  4. Chico,
    parabéns pelos 4 anos. Eu, que o acompanho há pelos menos 3, posso dizer com todas as letras que esse espaço me estimulou, dentre outras coisas, a escrever um blog e aguçou ainda mais minha paixão pelo cinema. Não tenho a sua disciplina – nem a compentência – para analisar tantos filmes, mas o seu blogue tem me ensinado muito sobre esse universo estupendo da sétima arte. Sem falar que, a partir daqui (é, porque foi aqui que essa história de blogue entrou na minha vida…), conheci muita gente bacana e outros tantos textos ótimos. Vida longa ao “Filmes do Chico”. Parabéns mesmo e obrigado por dividir seu entusiasmo e suas – adoráveis – listas. Abração.

  5. Parabéns, principalmente por não desistir nunca (qualquer semelhança com um bordão brasileiro é mera coincidência). Eu já desisti duas vezes, e voltei duas vezes.

    Obrigado por me citar também, mesmo com o meu sumiço.

  6. Parabéns, quatro vezes parabéns, meu caro. Em tempo/1: Até sexta enviarei os meus votos para (algumas categorias d)o Alfred. Em tempo/2: O Balaio mudou parta o blogspot. Um grande abraço. E que os [filmes do chico] durem, no mínimo, mais quarenta e 4 anos.

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