INTRIGA INTERNACIONAL

Eu nunca sei escrever sobre um filme de que eu gosto muito. É o caso aqui. Não sei bem o que falar sobre Intriga Internacional. Posso dizer que ele é o equilíbrio exato entre diversão, técnica e conteúdo. Posso escrever aqui também que a direção de atores é perfeita e que o sarcasmo do diretor aparece em todas as falas de Cary Grant, ancorado por coadjuvantes impagáveis, como a doce e duvidosa Eva Marie Saint, o cínico e cerebral James Mason, o macabro Martin Landau ou a deliciosa Jessie Royce Landis, que merecia ter concorrido ao Oscar. Posso falar ainda que tem uma das seqüências mais espetaculares da história do cinema (a da perseguição no milharal). Melhor não. Se eu tivesse escrito ou falado isso tudo, eu teria usado muitos adjetivos. E texto com excesso de adjetivos prejudica a assimilação da informação, que fica bastante questionável.

Talvez seja melhor dizer que o filme talvez tenha sido a minha melhor Sessão da Tarde (…sim, eu vi Intriga Internacional, assim como O Pecado Mora ao Lado (55), na sessão vespertina da Rede Globo – no tempo em que isso significava diversão bem feita e inteligente). Mas seria muito saudosismo e me acusam muito aqui de usar a memória afetiva para falar dos filmes. Bem, eu não me envergonho nem um pouco de ser nostálgico, nem acho que nos meus comentários pessoais – afinal, ninguém está me pagando nada – eu precise ser conciso, correto, objetivo e imparcial. Mas melhor eu não despertar discussões por esse prisma também. Então, o que eu devo escrever sobre Intriga Internacional? Será que seria o caso de lembrar da câmera espertíssima de Alfred Hitchcock. Mas o cara fez Janela Indiscreta e tem aquele plano da escada do Psicose. É, acho que esse não é o caminho.

Acho então que eu vou mais é ficar calado. Até porque o Hitchcock não precisa de nenhum texto para falar que seus filmes são bons. E Intriga Internacional, pela trama, pelos atores, pela direção, é muito mais que bom, é genial. Olha, vou ficar devendo…

Intriga Internacional
North by Northwest, EUA, 1959.
Direção e Produção: Alfred Hitchcock.
Elenco: Cary Grant, Eva Marie Saint, Martin Landau, James Mason, Jessie Royce Landis, Leo G. Carroll, Josephine Hutchinson, Philip Ober, Adam Williams, Edward Platt, Robert Ellenstein, Les Tremayne, Philip Coolidge, Alfred Hitchcock.
Roteiro: Ernest Lehman. Música: Bernard Herrmann. Fotografia: Robert Burks. Edição: George Tomasini. Direção de Arte: Robert F. Boyle.

Comentários

comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *