Era Uma Vez no México, de Robert Rodriguez.

Entre o inconsistente e o confuso. Embora o inconsistente seja travestido de ode-ao-kitsch, opereta informal, filme-de-amigos e o confuso tente assumir a forma de brincadeira original. Trata-se de uma evolução dos dois mariachis anteriores para o pastelão; evolução natural, eu diria. Alguns atores estão jogados, caso de Mickey Rourke, e outros presos a suas limitações, como Depp e Banderas. Quem surge bem é Rubén Blades. A mania de fazer tudo no filme cometeu uma fotografia bem fraquinha. Impressionante ser do mesmo diretor de um filme tão decididamente maduro quanto Sin City.

Um Filme Falado, de Manoel de Oliveira.

Não há o que acrescentar. Primeiro, é a História. Depois, “é” a História. Se não o melhor filme do ano, é o mais importante. Revendo o filme, é possível perceber mais claramente os sinais que Oliveira espalha pelo longa e que tornam mais dramática e desesperada sua conclusão. A seqüência do jantar torre-de-babel é genial, talvez a melhor cena do ano. E, apesar do belo conjunto de atores, Stefania Sandrelli, a mais discreta, está grande.

Os Incompreendidos, de François Truffaut.

Eu sempre fico tonto com aquele carrossel. Ainda acho o melhor Truffaut e Truffaut me interessa bem mais que Godard, Rohmer ou qualquer outro francês da Nouvelle Vague. Talvez justamente por ser o que, geralmente, menos interessa a todos os meus amigos. Antoine Doinel é alguém extremamente possível em sua fúria natural às vezes incompreensível e gratuita. Ele corre para viver porque a vida não teria sentido de outra maneira. E Truffaut, sempre carinhoso com suas crias, entrega ao moleque a Paris mais bonita, mais escondida, mais particular, embalada por uma trilha linda, do coração.

O Pesadelo, de Stephen T. Kray.

Na verdade, não é tão ruim. Antes de chafurdar em clichês e virar uma mistura de poltergeists e freddy krugers, há uma válida tentativa de reiventar lendas, de explicar mitos. Nada dá muito certo, mas há algum mérito em mexer nesse terreno. No entanto, o produtor Sam Raimi, que começou a carreira invadindo florestas malvadas, poderia ter tentado influenciar mais o diretor. Seria interessante saber sua visão sobre o Bicho Papão. Ou qualquer tentativa de dar validade a esse conceito já nasceria mal das pernas?

A Sétima Vítima, de Jaume Balagueró.

Provavelmente o melhor filme de terror dos últimos tempos, com um clima velho que funciona muitíssimo bem. Não fosse a fraquinha seqüência explicativa, merecia mais elogios por sua capacidade de criar o que todo filme do gênero deveria, bons sustos, utilizando muitas vezes apenas a sugestão. E, nas outras, invadindo a praia do ocultismo, algo naturalmente assustador. A idéia de mexer com a luz e a escuridão é boa.

Comentários

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7 comentários sobre “Microtextos”

  1. Esse é muito melhor que haloscan, nao da problemas e nao apaga. Os Incompreendidos vi um dia desses e achei excelente. O Pesadelo é uma bosta, uma das piores direções que ja vi.

  2. O problema de Era uma vez no México é o mesmo problema de Sin City: Robert Rodriguez.
    A menininha de Um filme falado é um grande brilho… aquele “maixx pruxx que?” de sotaque português é uma graça!
    Esses dois filmes de terror aí não me agradam muito, aliás, O pesadelo é o pior do ano. Coisa ruim dos inferno…

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