NATHALIE X

A diretora Anne Fontaine é francesa e, como tal, tem por obrigação investigar a alma humana. Escolheu um modo interessante: uma psicóloga contrata uma prostituta para descobrir porque seu marido a trai. Nathalie X é um filme sobre sexo, mas há pouquíssimas cenas de sexo nele. Quase nenhuma. A imagem é dispensada em favor da palavra. Essa adulteração é a característica mais interessante do longa. O voyeurismo é elevado ao cubo, mas ninguém vê nada. A palavra é falada, contada, interpretada, mas mesmo assim se mantém sedutora. As histórias eróticas são narradas e não praticadas. E se tornam necessárias, fundamentais. Estabelece-se a dependência: a personagem de Fanny Ardant precisa da de Emmanuelle Béart, de suas explicações, de suas respostas, de suas histórias, de sua voz, de suas palavras, de sua beleza. Béart, vulgarmente lindíssima, domina cada cena. Domina tudo. A investigação de Anne Fontaine fala baixo, sussurra ao nosso ouvido, mas conta tudo o que precisamos saber.

P.S.: este filme integra uma mostra de cinema francês que passa por Salvador e percorre o país.

Nathalie X
Nathalie…, França, 2003
Direção: Anne Fontaine.
Elenco: Fanny Ardant, Emmanuelle Béart, Gérard Depardieu.
Roteiro: Philippe Blasband, Jacques Fieschi, Anne Fontaine e François-Olivier Rousseau. Produção: Alain Sarde. Fotografia: Jean-Marc Fabre. Edição: Emmanuelle Castro. Direção de Arte: Michel Barthélémy. Música: Michael Nyman. Figurinos: Pascaline Chavanne.

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